Tuesday, July 24, 2007

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Foi com um olhar que embalei
Nas vermes coxas da moça
Estava cego surdo e mudo
Não mais sabia querer nem poder

Fiquei paranóico numa velocidade da luz
Não mais pôde ser o que esperava
Acabei intalado na sovaqueira do desamparo
Fiz me de bobo mas nem com isso

Ví moça linda e de família a adejar como pássaro
Nem a força de Deus seria capaz de prender meu suspiro
Ele repreendeu e disse busca outra flor esta secou

Fiz assim uma história que nunca chegou ao fim
Não conheço o último capítulo muito menos o primeiro
Foi tudo a correr talvez seja por isso que as lágrimas ainda me escorrem

Memória

Em jeito de memória activa
Os homens memorizaram a dor da morte
Esqueceram a felicidade da vida

Viram merdas e não exergaram flores
Viram carnes da mesma espécie num jogo de beldades
Ficam cegos em plena luz do dia

Quem ficou atento ao pormenor?
Pelo que eu saiba, apenas o Davitana que
Bateu as botas em 99
Quando seu neto andava pelas bandas da Ed. Mondlane

Para ti

Escrevi dois versos castanhos
Na areia branca da praia
Para que os mirones pudessem
Ler e perceber o que está escrito
No meu peito

Foi em vão porque as ondas
arrancaram do fundo da minha
alma todo amor e leiloaram
por dois motivos: primeiro porque
tu já rebolavas noutros braços; segundo
Deus achou injusto continuar a te amar

Trepei o destino e a vida apoiando-me
Em lágrimas que vertiam no meu olhar
Como o Amazonas na sua nascente
Meus olhos pareciam ilhas ladeadas de águas mornas

Agora diga-me Deus, qual é o sentido da minha vontade
Este querer sem poder, vontade jamais satisfeita
Peço para que na próxima encarnação, Deus me torne missionário
apesar de que assim não saciarei a vontade do meu pai,
ter um herdeiro do trono da miseria

bamo

Monday, July 23, 2007

pálpebras da borboleta

Enxerguei com meus olhos de bem ver,
As pálpebras da borboleta
Quando seguia as pegadas
Do seu perfume, que ate hoje
Coloniza meu fossinho.


Farregei como rafeiro
O chao e os olhares
De todas beldades que escorriam
Ao meu redor como os liquidos da lua.

Esperava encontar a imagem real ou igual
Nem isso, Deus disse no meu ouvido,
Perdi o esboco dela por isso nao fiz mais que ela

Ai percebi porque é que cativaste meu coração,
Só não percebi porque tinha tanta esperança de te encontrar e te ter,
Pois isso era um sonho que terminava no terceiro andar da rua das Dálias

Bamo

Terra do pão seco

Asteado nas bordas da vida
Vou contado fabulas que meus
Avôs contavam na lareira,
Lambendo os gomos da maçaroca
Que já não cresce na machamba de vovó Ngelina

Recordei que a terra que pariu heróis exilados em Tanganyca,
Sob égide de marxismo já andava nas negociatas do Clube Paris;
Recordei também que a escrita bateu as botas com a fome do tempo,
Que não remunerou os escribas que ergueram palácios por baixo das pontes

Queria voltar aos tempos da clandestinidade,
Lá éramos unidos, irmão, filhos da savana cantado por Malungate
Queria voltar ao conceito de unidade proclamado por Mondlane
Lá nas terras do nosso padrinho Kambarage.

Os Matateu linha viraram bilheteiros de ten years;
Os Malangatana linha foram a Lisboa e nunca mais,
Ouvi dizer que desertaram-se da manada e foram parar
Na terra que Hitler ergueu como único Mundo.

Acordei porque o galo cantou, não fosse
Estaria lá mergulhado na minha esteira e não viria o dia a transpor, sob minhas costas este mísero momento